Terça-feira, 16 de julho de 2024.

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Na correria do dia a dia, muitas vezes deixamos de olhar para o lado. Vivemos no automático, ouvindo as mesmas músicas, conversando com as mesmas pessoas, reclamando sobre as mesmas coisas. Sair da bolha, mudar a rota, pensar diferente, assusta, mas - acredite - engrandece! Essa semana tive o privilégio de sair da minha rotina e voltar com um projeto queridinho: o Heroes in The Field. Nele, batemos um papo com pessoas comuns com histórias especiais. E não precisa ter realizado nenhum feito monumental. A grandeza geralmente está nos detalhes.

Nesses encontros que só o Heroes me proporciona, conheci o Thiago Monteiro, Lead Supervisor de CX do Hurb, um cara que trouxe um relato incrível, daquele que te faz parar e repensar toda a sua vida. Exagero? Calma, você já vai me entender!

Nascido e criado no interior de São Paulo, Thiago se mudou para o Rio de Janeiro sozinho em 2013, com apenas 20 anos. Homosexual, ele queria viver novas experiências e se abrir para a vida, mas eram claras para ele as limitações de uma cidade pequena, apesar do amor de sua família. O início foi conturbado, como qualquer início. Arrumar um lugar para morar, um trabalho, começar do zero. Ele queria mais e estava disposto a correr atrás disso!

Nesse processo, e recém chegado no Rio, ele teve até que dividir o mesmo cômodo com cerca de 7 pessoas, em casas que não disponibilizavam espaços comuns - como cozinha e sala. Era dormir e “partiu rua”. Mas, como não era bobo nem nada e inquieto que só, Thiago logo encontrou uma forma de se estabilizar e construir algo sólido para si - o que foi essencial na época, uma vez que atuava como figurante na TV Globo, um trabalho incerto, com meses de bonança e outros nem tanto. Mas ele curtia e, no geral, essa experiência rendeu cinco anos de Projac e muitas histórias para contar. Suas diárias preferidas eram as de época: caracterização de personagens era uma paixão para ele. 

** Caso tenham ficado curiosos, eu já apurei aqui: você consegue conferir Thiago em suas atuações no plano de fundo de obras como “Tapas e Beijos”, “Lado a lado”, “Joia Rara” e muitas outras. 

Em 2018, buscando um emprego estável, entrou para o Hurb. Começou como Consultor de CX e logo foi se jogando em novos desafios. E, como já disse antes, bobo nem nada e inquieto que só, foi conquistando sucesso a cada etapa de sua nova jornada profissional. Mas não para por aí: 2018 teve um tempero especial. Bons ventos - mais conhecido como Tinder - trouxeram um Parceiro para o Thiago, daqueles com P Maiúsculo mesmo. E vocês já vão entender o porquê. 

Em 2020, como se não bastassem todas as incertezas e medos proporcionados pela pandemia do Covid-19, Thiago - em um dia de semana comum - começou a sentir-se mal, fatigado sem grandes esforços, com febre. Caramba, e agora? O coronavírus se manifestava de diferentes maneiras em diferentes pessoas, mas existiam sintomas comuns e não era bem isso que o Thiago estava sentindo. No dia seguinte, com sintomas ainda piores, lá foram ele e o Nicholas - seu Parceiro - para a emergência. Exames de rotina; testes de covid; repete os exames de rotina; médico chama numa salinha: “vamos precisar te internar. Pelos exames, é bem provável que você tenha leucemia”. Choque! De tudo o que podia ser esperado em tempos de pandemia, um câncer não estava na lista. E detalhe, Thiago tinha apenas 27 anos. 

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Longe da família, com Nicolas sendo seu único suporte físico e emocional, o diagnóstico não foi fácil. Ele ainda se emociona ao falar sobre o assunto. À princípio, sua leucemia era crônica, o que significa que - apesar de não ter cura - ele conseguiria controlar com remédios e “levar a vida como antes” - desse jeito, entre aspas. E assim foi por mais ou menos dois anos, até que os remédios deixaram de fazer o mesmo efeito, e, de crônica, sua leucemia passou para aguda. Aí sim, o tratamento seria feito com quimio e radioterapia e seria necessário realizar um transplante de medula óssea. 

Para quem nunca conheceu alguém em situação similar e não precisou entender esses trâmites de transplante - saiba, você é um sortudo -, talvez seja difícil ter a real noção do desespero que é: a cada teste de compatibilidade, uma expectativa e - muitas vezes - uma frustração. Todo o longo processo, a cada fase, muitos “e se”, o que torna tudo incrivelmente desgastante.

E tenta, por um momento, calçar os sapatos do Thiago, que se preocupava com ele e suas perspectivas; com o Nicholas - que tinha o peso de ser o suporte do Thiago e fonte de informações para a família; com sua família - que estava longe e carente de notícias a cada ligação não atendida.

O mais novo de três irmãos, Thiago teve uma boa notícia na terceira tentativa. O mais velho da casa era compatível e seria o seu doador. Ufa. Problema resolvido? Ainda não. Mesmo compatível, seu corpo precisa aceitar a medula e a certeza de que deu tudo certo levaria alguns meses. Sim! A sensação é de que nunca iria acabar. Foram dias de dor e cansaço, que ele já não aguentava mais. Mas, como ele mesmo falou durante o papo, pacientes com leucemia que fazem o transplante comemoram o seu nascimento - no aniversário mesmo - e o seu renascimento - que é quando chega a resposta positiva de que a cirurgia funcionou. 

Em 2022, Thiago nasceu de novo. A alegria não cabia no coração. Ainda era difícil, mas tinha um gostinho doce das possibilidades de um futuro pela frente. Assim que pode, ele fez questão de voltar a trabalhar e “levar uma vida normal” - de novo, entre aspas. O emprego no Hurb estava lá esperando por ele e agora com um colega de profissão mais que especial: Nicholas tinha entrado para o time. 

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Depois de ter passado por poucas e boas, aos 31 anos, uma coisa eu te digo: ele sabe ser resiliente. Sabe também persistir. E ainda não descobriu como desistir. Voltar à ativa era seu maior objetivo! O que significa isso para o Thiago? Bom, ele me confessou seu amor por festas e baladas. Ele é da night e gosta até de se aventurar como DJ de vez em quando como hobby. Final de semana é de lei: rua!! Depois de tanto tempo, entre quarentena e internações, Thiago não quer saber mais de perder um dia de folga em casa sem necessidade. É cinema, é shopping, é feirinha de rua. Vamos combinar, né? Morando no Rio de Janeiro o que não faltam são atividades no FDS. E para ele tanto faz. O importante é viver!

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E se você quiser saber mais sobre a jornada do Thiago ao descobrir a leucemia até o seu transplante, ele deu uma entrevista bem bacana ao portal UOL, contando mais detalhes. Leia aqui

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